Faltam Livros

Por: Laio Brandão



Li, num tacada só, o saboroso Nihil Sibi - em latim, Cada Vazio(ou Nada). Do português Miguel Torga, o livro traz, em suas 80 páginas, 47 poemas. As incursões da subjetividade do autor variam, porém, dentro da temática proposta, logo evidenciada no título da obra. O vazio. Miguel, muitas vezes, de forma sutil, põe em voga conflitos com deuses, divindades, a solidão, a natureza, suas musas, as relações humanas e, é claro, o poeta e seu leitor. As contestações, como são, fruto do fulgor espiritual do poeta, ocorrem à parte à sua existência, de forma que este, errante e inconstante exponha sua visão sobre algo que não o inclui; algo que ele vê mas não consegue proceder de forma semelhante. Sua 1ª edição data 1948, Lançado pela Coimbra, com versos simples e diretos, que outrora nos incitariam a uma leitura simples, em suas divagações podem nos levar a caminhos tortuosos, que por vezes surpreendem, variando com a profundidade que se lê. Portanto, não o subestime. A edição que tenho em mãos é a terceira, lançada em 1975 e já sucumbida às trapaças do tempo; mas isso não contraria o assunto a ser tratado; que não é o livro. Ei-lo.
Muito me surpreendeu, em minha ingenuidade, no momento da locação de Nihil, notar que a data do último empréstimo remetia ao longínquo 6 de setembro de 2000. O livro estava bem camuflado nas prateleiras, decerto; entretanto nada justifica. A falta de propósito e interesse em leitura é uma chaga contemporânea, que na contramão da falibilidade das estatísticas indicando que o brasileiro está lendo mais, fica velada e, quiçá, esquecida. O brasileiro deve estar lendo mais, realmente, mas lendo algo de qualidade questionável. Assim me parece. Impressos que, endossados por interesses econômicos e tendências de cultura de massa vendem cada vez mais, deixando, porém, de lado, o principal credor de uma obra: sua contribuição cultural/intelectual. A linguagem rasteira empregada, o enredo parco de conteúdo e a utilização de personagens muitas vezes dispensáveis como elfos, duendes, crianças asiáticas e monstros, numa trama de fácil assimilação, caem como um prato cheio na mesa de nossos semelhantes; saturados pelo trabalho extensivo, cansaço, stress e outros compromissos onerosos, acabam sem tempo, paciência e ânimo para consumirem algo que possa não trazer-lhes um prazer imediato, mesmo que efêmero.
Dessa forma, não sobra espaço para Miguel e tantos outros (e que outros!). Quantas obras caem no ostracismo a cada momento? Quantos autores não são descobertos? Quantos desmotivados? Até que ponto a produção artística, no Brasil, suportará o descrédito da maioria? Rapaziada...há muita coisa bonita por aí; inclusive Nihil Sibi.

 

9 Na Lata!:

Laio disse...

Pô pessoal, desculpa. esqueci de colocar o título:
"Faltam livros?"

Carvalho, Talles disse...

tinha q ser o laio.

Anônimo disse...

Não acho que existe necessidade alguma, de se escrever um texto para um blog,com um linguaguem com padrão tão formal.

Anônimo disse...

Não acho que exista necessidade alguma, de se escrever um texto para um blog,com um linguaguem com padrão tão formal.

Carvalho, Talles disse...

Velho...concordo plenamente, agente cai no modismo de ler só produtos mercadológicos de papel. É preciso sair dessa linha e buscar leituras de qualidade.
.

Laio Brandão disse...

Com certeza, Talles! coisa que nosso camarada anônimo não deve fazer.

Anônimo disse...

texto bom, mas muito rebuscado.

Clan disse...

chuvendu?

Chuva disse...

EU?


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