Por: Virgílio Júnior
Working on a Dream – Bruce Springsteen
Ele é a personificação da classe trabalhadora de Nova Jersey, Bruce Springsteen, munido pela velha Fender Telecaster e quase sempre escoltado por sua E-Street Band, se acostumou a dar voz em suas músicas aos excluídos do sonho americano. Outrora um roqueiro de bares do início dos anos 60, hoje, com 59 anos, ainda dispõe de fôlego para alcançar pela nona vez o topo das paradas norte-americanas e arrastar multidões aos grandes estádios do mundo. As influências nunca escondeu, suas músicas dizem: sim, sou fã de Dylan, Elvis, Orbison, entre outros.
Depois de um início de ano agitado, marcado pelo engajamento na campanha de Obama, vitória no Globo de Ouro com a canção The Wrestler e participação memorável cantando no show do intervalo do Superbowl, Bruce esteve na última quarta feira (1) em San Jose, na Califórnia, para o show de abertura da turnê do novo CD, Working on a Dream.
Diferentemente do trabalho anterior, Magic (2007), que refletia os protestos e a desilusão do artista com a era Bush, Springsteen agora evidencia menos o caráter político para falar em sonhos, amor, esperança e auto realização.
A abertura do álbum vem em grande estilo com a faixa Outlaw Pete, a saga do forasteiro bandido do Oeste americano contado em 8 minutos de folk rock épico. Logo em seguida, as batidas pop de My Lucky Day não permitem que a qualidade caia, é o anúncio do clima feliz do CD e a reprodução perfeita da sonoridade da E-Street Band. Pop este que nunca foi tão explorado em sua discografia como agora, tanto nos vocais de This Life, quanto na balada Queen of the Supermarket e em Surprise, Surprise. “O pop sempre vem acompanhado de insinuações sobre a eternidade e a imortalidade”, diz Bruce. “A matemática do pop continha algo tão sintonizado com o universo, tão imbuído de esperanças, sonhos, amor, desespero, sentimentos imortais, sentimentos da morte chegando… e você tenta colocar tudo isso em três minutos. Estando nesta fase de minha vida, é muito estimulante voltar àquelas formas, repletas de sentido de eternidade, e impor a elas uma limitação” salienta.
O Blues não fica de fora, estando misturado aos excêntricos vocais de Good Eye. Inclinando-se para um lado The Byrds aparecem Life Itself e o rock sólido de What Love Can Do. Nos versos de Kingdom of Days, Bruce contrasta tempo e amor, sustentando que este pode desafiar a mortalidade. The Last Carnival presta tributo póstumo ao idealizador e ex integrante da banda, Danny Federici, falecido em 2007. O desfecho ocorre em grande estilo com a música tema do filme “O Lutador”, gravada em estilo acústico e vencedora do Globo de Ouro de melhor canção esse ano.
Fãs de longa data do cantor podem estranhar uma superficialidade nas letras, que fogem dos padrões do artista. Working on a Dream apresenta um Bruce Springsteen diferente, mergulha em uma parte de seu talento ainda inexplorada: “No passado, ele simplesmente ignorava esta parte de seu talento, e ele é o compositor do pop mais talentoso que conheço”, diz Steve Van Zandt, um dos guitarristas da E-Street Band.
This entry was posted on 18:07
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4 Na Lata!:
havia pensado em postar algo aqui sobre o Bruce, não gosto do som dele, mas tem um lance interessante rolando; o KISS o processou por plágio, você sabia? Ja faz uns tempos.
Sim, mas não fiquei sabendo de um processo formal partindo da banda, o que houveram foram acusações de fãs. De fato Outlaw Pete lembra a canção do Kiss, mas rumores de plágio a parte, a do boss é muito mais música, pelo menos pra mim.
é! de fato não tem processo, não..mas o caras do kiss acusaram e etc e tal !
Até de adultério ele vem sendo acusado.
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